Fragmentos!
A variabilidade da depressão
presente na vida do gado humano distorcido diante da poesia do caos infunde
medo, dor e pânico aos crentes de fé.
Aqueles que já abandonaram a refeição de Deus, aos domingos, acham que tudo
se deve ao simples e ocasional. Estamos circundados pela violência do mundo
exterior, mas a complexidade do plano interno da “anima” permite o desespero
daqueles que não têm esperança. Já dizia o poeta do bar da esquina de minha
casa: a ignorância é a virtude da felicidade! Quantos não gostariam de sentar
no sofá e não perceber que diante deles existe uma ferramenta do capeta, a
televisão? Gabriel, o pensador, reclama que o povo não percebe que é
programado, mas garanto: esse povo é mais feliz do que aqueles que percebem a programação!
Enquanto tivermos pão e circo, ainda poderemos ter a nossa pseudo-felicidade,
mas se o pão acabar ou a recusa do alimento for feita, entenderemos a nossa
posição no mundo. Olharei do alto da montanha de pedra onde resido e verei meus
iguais caminhando numa marcha de bois na direção do horizonte, estão perdidos!
Valéry disse que podemos comparar a
prosa ao ato de caminhar e a poesia ao ato de dançar, mas e se meus ouvidos
estiverem já tampados? Como me permitir o feito sensual da dança se nem posso
andar? Viram como a percepção das coisas é uma maldição?
Quem olhar este pedaço de papel
cheio de lágrimas secas pode até pensar que se trata dos rabiscos de um louco.
Mas o que é loucura? Quem define isso? Acho que loucura é trabalhar quarenta e
quatro horas por semana durante trinta e cinco anos e quando conseguir a
aposentadoria ter de depender da fila do hospital público implorando a Deus
para que tudo ocorra bem, mas Deus está sempre ocupado.
O dito louco tem prazer em sua
loucura mesmo que ela seja agressiva para com seu próximo. Então, o que tem de
errado na loucura? Basta não fazer mal ao nosso querido irmão e semelhante para
não sermos loucos? Esperemos um momento... Nossos comandantes estão loucos!
Precisamos chamar Simão Bacamarte! O número vinte e três não esteve presente
até o momento, mas a obsessão atingiu este que aqui vos fala. Tentarei retomar
a felicidade depois deste meu momento de catarse tão comum nas aulas de
didática. Ops! Esqueci-me de comentar que era uma catarse coletiva e, por falar
em coletivo, já notaram que o discurso da sociedade presente é um monólogo
coletivo? Todos falam e ninguém escuta!
Destarte, tenho que rememorar o
pensamento de um jovem dentro de um ônibus na linha amarela: “o meu sonho é que
tenha um tiroteio agora e que uma bala perdida atinja a minha cabeça para eu
deixar de viver esta minha vida miserável”...
Sidney Martins.: