terça-feira, 31 de janeiro de 2012


 Fragmentos!
           
            A variabilidade da depressão presente na vida do gado humano distorcido diante da poesia do caos infunde medo, dor e pânico aos crentes de fé.  Aqueles que já abandonaram a refeição de Deus, aos domingos, acham que tudo se deve ao simples e ocasional. Estamos circundados pela violência do mundo exterior, mas a complexidade do plano interno da “anima” permite o desespero daqueles que não têm esperança. Já dizia o poeta do bar da esquina de minha casa: a ignorância é a virtude da felicidade! Quantos não gostariam de sentar no sofá e não perceber que diante deles existe uma ferramenta do capeta, a televisão? Gabriel, o pensador, reclama que o povo não percebe que é programado, mas garanto: esse povo é mais feliz do que aqueles que percebem a programação! Enquanto tivermos pão e circo, ainda poderemos ter a nossa pseudo-felicidade, mas se o pão acabar ou a recusa do alimento for feita, entenderemos a nossa posição no mundo. Olharei do alto da montanha de pedra onde resido e verei meus iguais caminhando numa marcha de bois na direção do horizonte, estão perdidos!


            Valéry disse que podemos comparar a prosa ao ato de caminhar e a poesia ao ato de dançar, mas e se meus ouvidos estiverem já tampados? Como me permitir o feito sensual da dança se nem posso andar? Viram como a percepção das coisas é uma maldição?


            Quem olhar este pedaço de papel cheio de lágrimas secas pode até pensar que se trata dos rabiscos de um louco. Mas o que é loucura? Quem define isso? Acho que loucura é trabalhar quarenta e quatro horas por semana durante trinta e cinco anos e quando conseguir a aposentadoria ter de depender da fila do hospital público implorando a Deus para que tudo ocorra bem, mas Deus está sempre ocupado.


            O dito louco tem prazer em sua loucura mesmo que ela seja agressiva para com seu próximo. Então, o que tem de errado na loucura? Basta não fazer mal ao nosso querido irmão e semelhante para não sermos loucos? Esperemos um momento... Nossos comandantes estão loucos! Precisamos chamar Simão Bacamarte! O número vinte e três não esteve presente até o momento, mas a obsessão atingiu este que aqui vos fala. Tentarei retomar a felicidade depois deste meu momento de catarse tão comum nas aulas de didática. Ops! Esqueci-me de comentar que era uma catarse coletiva e, por falar em coletivo, já notaram que o discurso da sociedade presente é um monólogo coletivo? Todos falam e ninguém escuta!


            Destarte, tenho que rememorar o pensamento de um jovem dentro de um ônibus na linha amarela: “o meu sonho é que tenha um tiroteio agora e que uma bala perdida atinja a minha cabeça para eu deixar de viver esta minha vida miserável”...

Sidney Martins.: